terça-feira, 16 de março de 2010

A tartaruga e a feiticeira - adaptação de uma lenda africana

Contam que isso foi no tempo do era uma vez.


Nkulunkulu não mandava chuva, nem nuvem, nem trovão.


Estava bravo com os homens que ele mesmo fez.


Os animais, coitados, também sofriam com aquela desolação.






Os animais caminhavam em grandes bandos.


Nada de água, frutas ou pasto – os filhotes aos prantos.


Caminhavam léguas e léguas, matas e savanas.


Era um grande sofrimento naquelas terras africanas.






Até que, lá longe, uma grande árvore avistaram:


Carregada de saborosos frutos – logo constataram.


Chegando perto, uma dúvida logo os assaltou:


- Alguém sabe como Nkulunkulu essa fruta nomeou?






Ninguém sabia, ninguém nunca tinha ouvido:


- E se for um fruto proibido?


Se não soubessem o nome


Não poderiam matar a sua fome.






O Grou Azul, esticando as grandes asas, logo se ofereceu:


- Eu perguntarei a Nkulunkulu o nome que ele deu.


Voou até o céu, explicou o sofrimento dos animais.


Nkulunkulu foi logo dando o nome, sem mais:






Mussá, mussá, mussá


Mussangambirá, mussaé.






No caminho de volta, encontrou uma velha feiticeira raivosa


Que, de inveja, começou a cantar em verso e prosa:






Muga, selenga ingambela


Vina, quivina, vinimim.






Com a canção, o grande Grou se atrapalhou:


O nome da fruta na sua mente não vingou.


Muitos outros animais em vão tentaram.


A todos eles os versos da bruxa atrapalharam.






Até que a velha tartaruga se prontificou.


Nenhum bicho no seu sucesso acreditou.


Nkulunkulu também à tartaruga o segredo concedeu.


Quando passou pela bruxa, no seu casco se encolheu.



Não adiantou a bruxa cantar,


Não adiantou no casco tamborilar.


A tartaruga, encolhida, se concentrou


E a fome de todos os bichos aplacou.

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