terça-feira, 27 de março de 2012
Texto de L. A. Fischer na ZH de hoje, 27/03/12 : subscrevo sem pestanejar
Excelente o texto do Fischer na Zero Hora de hoje! A leitura literária e o ensino formal de Literatura precisa (re)tomar seu devido, legitimado e reconhecido lugar nas escolas - e não só na conversa fiada de que é "tudo integrado" - que é para inglês ver. Assim, boa parte dos professores faz de conta que trabalha com Literatura. Há que se exigir também tal espaço inclusive na grade curricular das escolas, da qual vem sendo paulatinamente excluída.E, claro, devem ser formados - e selecionados - professores com conhecimentos sólidos para tanto. Não é possível concordar com partes dos textos dos PCNs ou dos RCs do RS que rebaixam o texto literário ao mesmo nível de uma receita de bolo ou de uma bula de remédio.
segunda-feira, 19 de março de 2012
Topo de bolo do Ben 10
O que as mães não fazem pelos filhos? Pois então... meu filho está às vésperas de completar 6 anos. A tarde de ontem, domingo, foi de uma divertida produção: bonequinhos de biscuit para colocar no bolo. Embora o tema tenha sido escolhido sob os meus protestos, a festa não é minha, né? Ben 10 não tem nada de dez... Malcriado, mentiroso, esnobe, exibido... e o único "herói" que usa os poderes - que nem são seus, na verdade, são do Omnitrix - em benefício próprio... Mas o que me deixou mais aliviada foi descobrir que meu filho nem é tão fã assim, pois não sabe o nome de vários dos Aliens... Procuramos na web a imagem de vários deles - à procura de um que poderia ser mais facilmente adaptado em biscuit - e tive essa feliz descoberta.
Com a ajuda dele, o que saiu está registrado abaixo. Não ficou 100 por cento, mas foi feito com carinho. O que conta mesmo, para nós, foi passarmos esta tarde de pesquisa, de criação, de muitas risadas juntos, fazendo algo que saiu com as nossas marcas. Além disso, a mamãe aqui deu uma boa "desestressada"... Ainda vamos fazer mais um, mas precisava de massa vermelha, que não tinha em casa. Aliás, ele se empolgou e queríamos que fizéssemos todos... mas... :)
Com a ajuda dele, o que saiu está registrado abaixo. Não ficou 100 por cento, mas foi feito com carinho. O que conta mesmo, para nós, foi passarmos esta tarde de pesquisa, de criação, de muitas risadas juntos, fazendo algo que saiu com as nossas marcas. Além disso, a mamãe aqui deu uma boa "desestressada"... Ainda vamos fazer mais um, mas precisava de massa vermelha, que não tinha em casa. Aliás, ele se empolgou e queríamos que fizéssemos todos... mas... :)
sexta-feira, 16 de março de 2012
Olim...piadas dos insetos
Nas olimpíadas dos insetos,
Todos os resultados pareciam certos.
No salto a distância, O Senhor Grilo já se via campeão.
Fez pose para fotos, jogou beijos, acenou a mão.
Disse, bem ligeiro e bem alto:
- Atenção para o meu grande salto!
O que ele não contava, o que ele não esperava
Era pela Dona Lesma que passeava
Toda linda, toda cheia de bagagens
Bem na linha de aterrissagens!
No levantamento de peso, a Dona Formiga
Não via adversários para entrar na briga!
Pela Dona Abelha foi vencida:
50 contra 300 foi a partida.
A Sra. Pulga nem precisou competir:
Sua força todos sabem admitir.
A competição mais esperada era a de velocidade!
A plateia zunia de felicidade!
Sra. Barata e Srta. Libélula eram as favoritas.
Nos seus postos, muito aflitas.
A Dona Joaninha queimou a largada:
Todos os insetos saíram em revoada
Numa só nuvem, esbarraram as asas, uma confusão!
Perderam o equilíbrio, embolaram-se, foram ao chão.
O Rei Besouro disse aos súditos uma verdade:
- Vamos botar regras nessa entomológica atividade!
Ninguém entendeu o desejo da Majestade...
Deixaram a ordem para bem mais tarde!
Por isso, não te enganes não:
Nas olim..piadas dos insetos,
Para te dizer os resultados bem corretos,
Só deu foi confusão!
quarta-feira, 7 de março de 2012
Asilo
A mãe busca o filho na escola. Primeira série, primeira semana. Beija, abraça, afivela a cadeirinha de segurança. Rápida, joga a mochila do menino no assento do passageiro e a espia. Tem tema na pastinha.
- Oba, amorzinho, tem tema pra gente fazer hoje à noite!
O menino, entre dentes:
- Eu não vou poder. Sou muito ocupado.
- E posso saber o que o Senhor Executivo aí tem pra fazer de tão importante?
- Meus compromissos. Tu precisa entender, né?
A mãe ri pesos e culpas.
- E qual seria esse compromisso? E com quem, rapazinho?
- Com a pessoa mais importante do mundo.
A mãe acha aquilo muito interessante. Sente certo orgulho do vocabulário e do raciocínio do rebento. Prossegue o interrogatório.
- E quem seria?
- Como tu não sabe, mamãe? Tu vive dizendo que eu sou a pessoa mais importante do mundo! O compromisso é comigo mesmo.
A mãe se assusta. Mais culpa. Não sabe do que, mas é culpa. Onde isso iria dar?
- E o que tu vais fazer contigo mesmo?
- Eu prometi a mim mesmo que iria olhar desenho. Não posso descumprir.
- Do jeito que tu vais, acho que quando tu fores grande, tu podes ser roteirista de desenho animado.
- Que nada. Eu vou ser professor igualzinho a ti.
A mãe se exaspera. Quase bate no carro da frente.
- Professor uma pinóia. Tu vais arrumar um emprego bom pra poderes me pagar um asilo decente e bem caro.
- O que é asilo, mãe?
- É uma casa enorme para onde a gente manda os velhinhos que a gente não consegue cuidar ou que incomodam demais. E eu não vou te pagar faculdade pra ser professor, de jeito nenhum, enten...
- Mas tu não me incomoda, mãe.
- Ah, mas quando eu ficar velha posso incomodar. E tira essa asneira...
- Isso tu diz hoje. Quando tu ficar velhinha, velhinha, tu vai dizer que não quer porcaria de asilo nenhum.
- Do jeito que anda, quando eu ficar velha, vou ser lelé da cuca, daí tu me internas, filho.
- Tu já é lelé, mãe. Mas não vai, tá?
O sinal fecha. A mãe se vira para trás e olha com cara feia para o guri.
- Não sou lelé coisa nenhuma. Ainda.
O sinal abre e a mãe arranca fritando pneus.
- Claro que não, é brincadeira. Tu é professora, igual eu vou ser quando crescer. Professoras não são lelés.
Essa maldita insistência, pensa a mãe. O caminho parece-lhe cada vez mais longo.
- Tira essa ideia absurda da cabeça, guri.
- O que, de que as professoras não são lelés?
O caminho estava mais longo ainda. Onde ele aprendeu a provocar assim? Seria genético?
- Muito engraçadinho. Tu entendeste.
- Mas então por que tu é professora, mãe?
- Porque eu gosto. E quando eu comecei, a situação toda não era tão ruim assim...
- Tu gosta e é ruim? Tem um gravador aí?
A mãe não responde. Dobra finalmente a esquina da avenida onde moram. Depois de alguns minutos, o menino insiste no gravador.
- Pra que gravador, guri?
- Se eu precisar te colocar num asilo, já vou ter provas de que tu é lelé faz tempo.
A mãe para na rotatória e dá o sinal. O orgulho inicial dá lugar à irritação. Não se nasce mais criança hoje em dia? Já tem que partir logo para a perguntoscência? Buzina para o carro vermelho que lhe cortara a frente. Mais alguns metros só. Responde, esperando encerrar a questão.
- Daí não é asilo, é manicômio.
- O que é que é manicônio, mãe?
A mãe arrepende-se, mas explica:
- Não é manicônio, é manicômio. É uma casa grande onde se internam as pessoas com problemas que as famílias não podem ou não conseguem cuidar.
- Mas a vida é sempre assim, mãe?
- Sempre assim, como, amorzinho? – fala a mãe, apertando o controle remoto do portão da casa.
- Sempre assim, se não quer cuidar de alguém bota numa casa grande, como se fosse um freezer, que, quando quiser, ainda está lá inteiro, sem derreter?
- Não é bem assim, filho, as pessoas são ocupadas e... – a mãe por pouco não raspa o carro na entrada da garagem.
- E também botam os filhos o dia todo internados na escola, que é uma casa grande que nem asilo e manicônio?
A mãe, enfim, estaciona o carro na garagem. Suspira. Tira a chave da ignição, desce, suspira. Abre a porta para o filho. Suspira.
- Amorzinho, podes olhar um pouquinho de TV. A gente faz o tema e conversa depois do jantar. Vai lá na sala. Já vou.
E a mãe vai à cozinha. Abre bem o freezer. Precisa asilar pensamentos.
- Oba, amorzinho, tem tema pra gente fazer hoje à noite!
O menino, entre dentes:
- Eu não vou poder. Sou muito ocupado.
- E posso saber o que o Senhor Executivo aí tem pra fazer de tão importante?
- Meus compromissos. Tu precisa entender, né?
A mãe ri pesos e culpas.
- E qual seria esse compromisso? E com quem, rapazinho?
- Com a pessoa mais importante do mundo.
A mãe acha aquilo muito interessante. Sente certo orgulho do vocabulário e do raciocínio do rebento. Prossegue o interrogatório.
- E quem seria?
- Como tu não sabe, mamãe? Tu vive dizendo que eu sou a pessoa mais importante do mundo! O compromisso é comigo mesmo.
A mãe se assusta. Mais culpa. Não sabe do que, mas é culpa. Onde isso iria dar?
- E o que tu vais fazer contigo mesmo?
- Eu prometi a mim mesmo que iria olhar desenho. Não posso descumprir.
- Do jeito que tu vais, acho que quando tu fores grande, tu podes ser roteirista de desenho animado.
- Que nada. Eu vou ser professor igualzinho a ti.
A mãe se exaspera. Quase bate no carro da frente.
- Professor uma pinóia. Tu vais arrumar um emprego bom pra poderes me pagar um asilo decente e bem caro.
- O que é asilo, mãe?
- É uma casa enorme para onde a gente manda os velhinhos que a gente não consegue cuidar ou que incomodam demais. E eu não vou te pagar faculdade pra ser professor, de jeito nenhum, enten...
- Mas tu não me incomoda, mãe.
- Ah, mas quando eu ficar velha posso incomodar. E tira essa asneira...
- Isso tu diz hoje. Quando tu ficar velhinha, velhinha, tu vai dizer que não quer porcaria de asilo nenhum.
- Do jeito que anda, quando eu ficar velha, vou ser lelé da cuca, daí tu me internas, filho.
- Tu já é lelé, mãe. Mas não vai, tá?
O sinal fecha. A mãe se vira para trás e olha com cara feia para o guri.
- Não sou lelé coisa nenhuma. Ainda.
O sinal abre e a mãe arranca fritando pneus.
- Claro que não, é brincadeira. Tu é professora, igual eu vou ser quando crescer. Professoras não são lelés.
Essa maldita insistência, pensa a mãe. O caminho parece-lhe cada vez mais longo.
- Tira essa ideia absurda da cabeça, guri.
- O que, de que as professoras não são lelés?
O caminho estava mais longo ainda. Onde ele aprendeu a provocar assim? Seria genético?
- Muito engraçadinho. Tu entendeste.
- Mas então por que tu é professora, mãe?
- Porque eu gosto. E quando eu comecei, a situação toda não era tão ruim assim...
- Tu gosta e é ruim? Tem um gravador aí?
A mãe não responde. Dobra finalmente a esquina da avenida onde moram. Depois de alguns minutos, o menino insiste no gravador.
- Pra que gravador, guri?
- Se eu precisar te colocar num asilo, já vou ter provas de que tu é lelé faz tempo.
A mãe para na rotatória e dá o sinal. O orgulho inicial dá lugar à irritação. Não se nasce mais criança hoje em dia? Já tem que partir logo para a perguntoscência? Buzina para o carro vermelho que lhe cortara a frente. Mais alguns metros só. Responde, esperando encerrar a questão.
- Daí não é asilo, é manicômio.
- O que é que é manicônio, mãe?
A mãe arrepende-se, mas explica:
- Não é manicônio, é manicômio. É uma casa grande onde se internam as pessoas com problemas que as famílias não podem ou não conseguem cuidar.
- Mas a vida é sempre assim, mãe?
- Sempre assim, como, amorzinho? – fala a mãe, apertando o controle remoto do portão da casa.
- Sempre assim, se não quer cuidar de alguém bota numa casa grande, como se fosse um freezer, que, quando quiser, ainda está lá inteiro, sem derreter?
- Não é bem assim, filho, as pessoas são ocupadas e... – a mãe por pouco não raspa o carro na entrada da garagem.
- E também botam os filhos o dia todo internados na escola, que é uma casa grande que nem asilo e manicônio?
A mãe, enfim, estaciona o carro na garagem. Suspira. Tira a chave da ignição, desce, suspira. Abre a porta para o filho. Suspira.
- Amorzinho, podes olhar um pouquinho de TV. A gente faz o tema e conversa depois do jantar. Vai lá na sala. Já vou.
E a mãe vai à cozinha. Abre bem o freezer. Precisa asilar pensamentos.
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