Queridos formandos!
É com muita honra e emoção que coube a mim, em nome de seus professores, como paraninfa, dirigir as últimas palavras a todos vocês juntos pela última vez. Hoje é um dia de especial alegria pra vocês, assim como para seus familiares, amigos e professores. É o dia da formalização de uma passagem que significa a transição da vida adolescente para o mundo adulto, das responsabilidades em maior número e em maior intensidade.
Essa passagem, para seus professores e pais, parece que se deu de forma muito rápida. Parece que foi ontem que eu lhes estava dando as boas-vindas ao terceiro e melhor ano do Ensino Médio. Também para seus pais parece que faz tão pouco tempo que os levaram, pela mão, ao primeiro dia de aula.
Neste mundo adulto, esperamos que não se esqueçam desta escola, dos ensinamentos que aqui obtiveram, mas – principalmente – que não se esqueçam das lições paralelas que aqui tiveram, daquelas lições – vivenciadas, presenciadas, ouvidas – que falam não tanto à razão, mas ao coração e à sensibilidade.
No entanto, vocês não apenas levam ensinamentos desta escola: todos nós aprendemos – e muito – com todos vocês. As três excelentes turmas deste ano deixarão, cada uma a seu modo, muita saudade. Poderia compará-las ao estereótipo da família com três filhos. Nessa metáfora, a terceira A seria a irmã mais velha: responsável, exemplar. Marcou para sempre essa escola com sua eterna busca pela excelência: não se tratava apenas de obter notas altas, mas de entender os meandros de cada assunto, de cada detalhe, de cada vírgula. Já a terceira B seria a irmã do meio: contestadora, chamando atenção da sua maneira peculiar. Reuniu, na mesma sala, pessoas com personalidades fortíssimas e provou que palavra, caráter, honestidade e transparência são, sim, características dos jovens de hoje. Já a terceira C, a irmã caçula, lega a essa escola, como marca indelével, a alegria de viver, as demonstrações de afeto, a generosidade e a ternura.
Todas essas características reunidas fazem, portanto, com que nossas expectativas em relação a vocês, queridos formandos, sejam altíssimas. Apostamos alto em vocês: desejamos, do fundo de nossos corações, que possam liderar a necessária e urgente mudança dos rumos absurdos que nossa sociedade vem tomando. Esperamos que vocês possam ousar ser e ter vozes dissonantes da “grande massa”, que realmente tenham a coragem de enfrentar o desafio da construção de um mundo mais justo, onde não haja espaço para o egoísmo, para a ganância, para a miséria, para a violência. Sabemos que vocês trazem as mentes e os corações prontos para essa tarefa, pois carregam consigo a coerência necessária para saber que qualquer prática desvinculada do respeito ao próximo, do amor, da solidariedade, do desprendimento pessoal em favor de uma coletividade, entre outros valores atemporais, não será algo de que vocês poderão se orgulhar, porque não edifica o ser humano, mas reforça a construção de uma sociedade injusta, como vem se configurando, infelizmente, a nossa. Vocês aprenderam em História que, muitas vezes, o apogeu pode ser o início do fim e que a intolerância só traz tragédias; aprenderam, nas aulas de Literatura, a olhar o outro com respeito às individualidades e às suas capacidades criadoras, sabendo que cada um traz consigo um interior riquíssimo, único e irrepetível; aprenderam em Matemática que não é possível apenas somar e multiplicar em detrimento do dividir; em Física, aprenderam que cada ação sua corresponde e corresponderá a uma reação; enfim, tudo aprenderam de tudo porque se fizeram “gente”.
Para finalizar, gostaria de dar minhas duas últimas tarefas. Não é preciso anotar: há que se levar no coração. A primeira: jamais temam o tamanho dos seus sonhos: se eles nasceram de vocês, é porque são capazes de dar conta deles. Como disse Monteiro Lobato, “Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira - mas já tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum.” E daí advém minha derradeira tarefa: vão lá e arrasem!
Muito obrigada!
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