terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Chi, o pingo de chuva viajante

CHI, o pingo de chuva viajante








Nasci num CABRUUM!


Sou transparente e nunca fui a lugar algum.


Minha mãe é uma nuvem bem fofa e alta.


Sou um pingo de chuva que ri e salta!






Eu sei: um dia eu vou chover.


Não serei daqueles pingos pesados de doer.


Vou virar chuva fininha, miúda, gostosa...


Quero chover numa tarde fria e preguiçosa






De tanto falar em chover fininho,


Me chamam de Chi, o pinguinho.


Já o Ploc, meu irmão,


Quer chover pesadão.


Mas exagerado mesmo, de verdade


É o Chuá: ele quer ser tempestade!






Mamãe conversa com o compadre Vento:


Sou seu afilhado predileto!


Ele logo nos mostra seu intento:


Teremos passeio completo!






Ele sopra Mamãe para um lugar distante.


Ploc e Chuá estão muito entusiasmados:


Chuá quer cair pesado como um elefante;


Ploc deixará todos os gatos pingados.






Eu só quero chover bem discreto:


Do meu jeito manhoso,


Quero molhar algum jardim secreto,


Quero cair no garoto dengoso.










Lá em baixo, as pessoas correm num “ai-Jesus”.


Olham para cima e apertam os passos de formiguinhas.


Primo Raio faz seu espetáculo de som e luz


Mamãe dá risada e nos faz cocegazinhas!






Ploc não se contém e cai pesado


Grosso, forte, espantando o verão


Esborracha-se sobre um menino levado


Que joga futebol com Vô João.






Chuá também tem sua vez:


Seu peso de elefante entorta sombrinhas.


Rouba da madame a altivez.


Deixa as flores todas tortinhas!






Mamãe Nuvem quer seus filhinhos de volta.


Chama o sol para cumprir essa missão.


Xi! Mas o Chi ainda não foi ao chão!


Ela faz cocegazinha e, com carinho, o solta.






Com medo, Chi cai devagar


O raio de sol atravessa sua transparência


A refração desenha a alegria no ar


Eis o Arco Íris, com toda sua ciência.






Chi não cabe em si de alegria.


Vê as pessoas o olharem emocionado.


O menino e o avô, a moça e o namorado:


Ninguém esquecerá aquele dia.






Mamãe Nuvem recebe Chi com carinho:


- Você é meu pequeno grande heroizinho!


Os irmãos Pingos fazem uma grande festança:


Todos realizaram seus sonhos de criança.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ideia sapeca

O menino tinha ideia sapeca.



Seu avô dizia:


- Meu neto é levado da breca.






Quando estava sozinho,


E nenhum adulto olhava,


Uma ideia sapeca logo brilhava:






Amarrou guizos nos rabos dos gatos:


- É só para dar uma chance aos ratos.






Fez peteca das meias novinhas


Com penas arrancadas das galinhas.






Cortou os cabelos das bonecas da irmã,


Fugiu por aí com o carrinho de rolimã.






Botou açúcar no feijão;


Pimenta no macarrão.






Mas a grande ideia sapeca do guri


Foi uma coisa que antes nunca vi.






O avô estava dormindo


Com a boca bem aberta.


A ideia veio tinindo:


Era sapeca na certa!






Para que uma mosca não entrasse,


Antes que avô acordasse,


E se o menino colocasse


- só por brincadeira -


Uma maçã inteira


No bocão escancarado?


Olhou para todo lado:


Nenhum adulto por perto...


O bocão cada vez mais aberto...


A mosca por perto voava...


A ideia sapeca ameaçava...


A maçã na mão...


A mosca no chão...


O menino correu...


A mosca se antecedeu...


Não, isso ele não podia deixar!


E zás... A mosca capturou!


Com o barulho o avô acordou.


- O que está acontecendo?


Quis o avô saber.


O menino foi logo dizendo:


- Trouxe uma maçã para o senhor comer.






O avô achou aquilo a coisa mais amada!


O guri disse que não era nada!


O avô deu um suspiro bem fundo


E abraçaram-se do jeito mais sapeca do mundo!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Meus chinelos dançantes

Meus chinelos dançantes

São nada elegantes!



Não são cor de rosa.



Não têm gliter ou purpurina.


Não deixam ninguém prosa.


Nem parecem coisa de menina.






Quando sobem a escada,


Fazem uma barulheira danada.






Quando eu quero com eles correr,


Me dão um tombo de doer!






Quando saio com eles para o quintal,


Levo da vovó um xingão colossal:


- Pantufas são para dentro de casa!


Sai logo antes que sujem, vaza!






Mas o que ninguém desconfia,


O que ninguém ainda sabia,


Prepare-se, vou lhe contar:


Meus chinelos sabem dançar!






Eles não querem saber de correr,


Eles não querem saber de caminhar,


O negócio deles, vou lhe dizer:


É só dançar e dançar.






Se toca uma música divertida na televisão,


Eu não consigo controlar meus chinelos não!


Eles se mexem sozinhos pra todos os lados,


Me obrigam a fazer movimentos engraçados.






Eu adoro meus chinelos dançantes!


Não me importo se não são elegantes!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Caçadas de João Pedrinho

Quando o sol se vai...
Quando chega a noite...
Quando tudo fica bem escuro...

...OBA!

É hora de caçar lagartixas!

Em uma das mãos, levo lanterna.
Na outra, a mão de meu Vovô.

Somos grandes caçadores.

Lagartixas são ligeiras.
Lagartixas são espertas.

Elas têm cores diferentes - mais claras, mais escuras. Só pra confundir.
Preciso olhar bem.
Nos cantinhos das paredes e dos muros, elas se escondem.
Ficam bem quietinhas.
Depois saem em disparada.

Um dia, peguei uma pelo rabo.
Fiquei com o rabo dela na minha mão.
Ele se mexia!
A danada se foi.
Que susto! Coitadinha! E se ela morresse?
Chorei.
Queria pegá-la e colar o rabo com fita adesiva.
Vovô deu risada.
Explicou que o rabo cresce de novo.
Ah, bom!
Estava com pena.
Não quero machucar os bichinhos.
Só quero olhar de perto, dar um carinho.
Depois eu solto, juro!

Nesses dias, Vovô pegou um sapo com a rede de limpar a piscina.
Bem legal ele.Até me deu um oi bem assim:
- Uoba!
Levei o sapo, com rede e tudo, para cumprimentar a Vovó também.
Vovó gosta tanto de conversar. Quem sabe não faz o sapo falar ?
Sapos têm muitas histórias para contar, do tempo em que eram reis e príncipes.
Vovó estava deitadona no sofá, assistindo à novela chaaata.
Peguei a rede pelo cabo. Era uma surpresa.
Fui bem quietinho.
Um pé, depois o outro.
Na tevê, um tio e uma tia quase se beijando.
Encostei a rede no rosto da Vovó.
Ela se virou e...
- Aaaiiii!!!

O maior grito do mundo.
O recorde de salto nas olimpíadas das Vovós.

Mamãe me levou para casa, já era tarde.
Todo o dia, sempre fica muito tarde.

Ela me bota na cama e me conta a história de um gurizinho muito mandão que virou sapo.
Ela até tenta contar outra história. Eu quero sempre a mesma.
O sono vem, areinha nos olhos.
Papai vem me dar boa-noite.
Eu me rendo e durmo
e reino, soberano, nos sonhos de minhas próximas caçadas.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mais um dia

O sol se foi.


A noite veio.

Está bem escuro.





Mamãe acende as lâmpadas.

A luz espanta os monstros lá de fora.



Vovô faz fogo na lareira.

O calor espanta os monstros aqui de dentro.



Mamãe me serve sopa quentinha.

A comida mata os monstros da minha barriga.



Vovó termina de coser o pijama felpudo

A maciez acaba com os monstros que moram debaixo da cama.



Papai me conta uma história.

A sua voz, doce e forte, afugenta os monstros da minha cabeça.



Mamãe e papai me botam na cama.

Ela canta uma canção de ninar.

Sempre a mesma, linda e previsível.

Ele reza para meu anjo da guarda.



Meus anjos espantam meus monstros

Deixam que eu sossegue,

e durma,

e cresça,

para mais um dia que virá.